O baião e o frevo tocam na minha veia cabocla,
reverberam nas minhas
heranças que desembocam à paulistana,
emitindo juras de amor à
moda do asfalto agreste!
Mas o sol que apina é o
mesmo d’antes,
seca tudo desde lá: o
mormaço estanca e faz miragem!
Em vez da terra, é o
asfalto que pela.
Na rapina da vida, a
hierarquia tem de tudo.
Na São Paulo em que
sobrevivo:
do coronelismo ao
escravagismo
as frentes se embotam em
uma disputa ferrenha
para do sertanejo
contemporâneo
e roer a pouca carne dos
ossos,
rapar a conta bancária
ou a força motriz da
mais valia!
No cangaço do dia a dia sai a criança da escola
E vai adulta para a rua!
Não tem trabalho, não tem apadrinhamento,
Mendiga no farol ou
rouba o supermercado…
É espancado no estoque
pelo novo capitão da mata,
o jagunço de CLT, a
milícia de farda corporativa,
O sertanejo do asfalto
morre de cabeça rachada
E é jogado no
estacionamento da UBS da vila,
E em seu corpo magro
chegam logo as aves de carniça,
Não o amor de mãe, não a
mulher amada,
Apenas os helicópteros
do jornal sensacionalista.
26/04/2024
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